domingo, 10 de abril de 2016

Leitura para crianças é tão eficiente na proteção à saúde quanto amamentação ou vacinação



Em 2014, a Fundação Itaú Social publicou o estudo “Impacto da leitura feita pelo adulto para a criança, na primeira infância, para o desenvolvimento do indivíduo”, baseado em artigos científicos publicados a partir dos anos 90, mostrando que a leitura para crianças na primeira infância (0 a 6 anos) tem um grande impacto no seu desenvolvimento integral, incluindo escores de inteligência, motivação acadêmica e anos de escolaridade, podendo repercutir até a idade adulta devido a um legado das linguagens simbólica e literária, que fazem com que a criança pense com mais complexidade. Os benefícios são duradouros, mas o hábito precisa ser instigado.

Entre as ações resultantes desse estudo, em 2015 a Fundação Itaú Social se juntou à Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e à Fundação Maria Cecília Souto Vidigal para lançar a campanha  “Receite um livro”, que incentiva médicos a recomendar a leitura a famílias com filhos pequenos.

Recomendação semelhante é feita nos Estados Unidos pela American Academy of Pediatrics.

Na apresentação da campanha em seu site, a SBP ressalta que os primeiros anos da vida de uma criança são fundamentais para seu desenvolvimento porque nesse período a formação de conexões cerebrais é mais propícia, e porque há evidências de que a arquitetura do cérebro é construída a partir das experiências vivenciadas. Daí a importância de propiciar cuidado, afeto e estímulos o mais cedo possível à criança, desde a gestação, para que ela possa desenvolver de forma plena habilidades como pensar, falar e aprender.

Segundo o Dr. Ricardo Halpern, presidente do Departamento de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento da SBP, “divulgar a leitura para crianças é uma medida técnica que pode ser aplicada com baixo custo e ser tão eficiente na proteção à saúde quanto uma campanha de amamentação ou vacinação”. Um estudo realizado por ele e colegas em 2004 constatou que entre os fatores de risco para o atraso no desenvolvimento de crianças de 12 a 24 meses, a falta de leitura de histórias é mais grave do que alguns fatores biológicos, como nascimento prematuro, problemas na gestação e no parto. Assim como “Impacto da leitura feita pelo adulto para a criança, na primeira infância, para o desenvolvimento do indivíduo”, o estudo do time do Dr. Ricardo também sugere que a existência de livros em casa e a transmissão verbal de histórias aparecem como itens preponderantes sobre o desenvolvimento cognitivo. 

Em suma, o estímulo propiciado pela leitura para crianças desde a gestação até os 6 anos é tão importante que se tornou uma recomendação médica no Brasil e no exterior.



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Um comentário:

Mala de Leitura de Munique disse...

Gostei muito do artigo! Esta também é uma realidade na Alemanha!
Pediatras que prescrevem livros para crianças... esse é o projeto que a Fundação "Lesen" (Leitura) tem divulgado desde 2008 em terras germânicas.

Crianças de 10 a 12 meses e seus pais recebem nas consultas médicas de rotina um pacote de livros gratuitamente dos pediatras, que também orientam os pais sobre a importância da leitura para a saúde das crianças.

http://www.hallofamilie.de/familienleben/erziehung/artikel/1/588-aktion-lesestart-soll-kleinkinder-foerdern.html

Parabéns por divulgar tão relavante tema!

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